O Diário de Maria
New Orleans, 22 de maio de 2011 às 16:59
Cada vez que entro naquela casa, me arrependo até o último fio de cabelo.Como já disse, tinhamos que voltar para a casa e pegar nossas coisas. Inclusive, tinhamos que verificar o que fazer com as malas das outras meninas, já que as duas “desapareceram”.
Ontem, depois de muita discussão entre eu e Renata, resolvemos voltar até a casa. Dessa vez entramos as duas. Resolvemos ir durante o dia para evitar problemas na escuridão. Mesmo assim não adiantou nada.
Quando entramos na casa, encontramos quase tudo como deixamos. Apenas muita poeira pela casa e as roupas de Sara e Lívia em seus devidos quartos.
Pegamos as nossas últimas malas e levamos até o taxi. Quando voltamos para pegar as malas das meninas, uma coisa assustadora aconteceu.
Entramos na casa. Quando passamos pela sala, a porta se fechou sozinha. Tudo ficou escuro. parecia que em cinco segundos o sol havia baixado e virado noite. Ficamos imóveis, e atentas ao que poderia acontecer.
De repente, ouvimos um choro de criança bem baixinho. Chegamos perto da escada e vimos uma criança de cabelos compridos e lisos, abaixada com a cabeça entre os joelhos, e tremendo muito. Renata me cutucou para chegarmos perto. Resolvemos investigar.
Fomos nos aproximando da criança, que vestia algo como uma camisola branca. Pelo seu tamanho não aparentava ter mais de seis anos. Perguntei se estava tudo bem, mas nada da criança responder.
Renata foi tocar a cabeça da criança. Quando ela botou a mão próximo a nuca, a cabeça se mecheu. Os cabelos começaram a cair de lado e foi possível ver a face da criança. Ela estava com a cabeça virada em 180 graus. Estava com os olhos vermelhos, e chorando. Aquela cena me deixou apavorada.
Demos alguns passos para trás, e a criança se levantou. Andava em nossa direção, de costas mas com a cabeça virara para nós. Impossível um ser humano fazer isso. Seu queixo tocava a etiqueta da camisola. Ela continuou caminhando e começou a falar:
- Não me deixem aqui, por favor!
Conforme ela foi se aproximando, conseguimos reconhecer a criança: Aquela era Sara, quanto tinha seus seis anos de idade. Reconhecemos rápido, pois crescemos juntas. Comecei a tremer de desespero. A criança continuava vindo em minha direção, agora, estendendo os braços pálidos e magros, mas com seus polegares apontados para baixo.
- Tenho medo de ficar sozinha. Ela vai voltar logo!
Aquilo mexeu conosco. Renata resolveu chegar perto e abraça-la. Mas quando estava quase com os braços da criança em seus ombros, a fisionomia da pequena Sara mudou. Seus dentes ficaram pontiagudos e tentava morder o braço da Renata. Corri para ajuda-la. Dei um chute na boca do pequeno monstro, que caiu e começou a gemer como um porco agonizante. Ela se debatia e se machucava, deixando marcas de sangue por todo chão que ficava rolando. Suas pequenas unhas arranhavam o chão de madeira, fazendo um barulho assustador de unhas e madeiras rachando.
Conseguimos abrir a porta e corremos para o taxi. Estamos pensando sériamente em deixar as coisas das outras meninas ai e nunca mais voltar. Mas não sei o que fazer. Precisamos ajudar nossas amigas, entender o que aconteceu.
Publicado por: Maria A. C
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