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domingo, 30 de junho de 2013

Cordyceps


Vocês sabem o que são Cordyceps? Eu também não sabia ate uns 20 minutos atrás. É uma família de vários fungos diferentes, estão por todo o mundo em várias florestas e selvas. Uma coisa terrível sobre eles é que são parasitas, eles crescem em outros animais. Uma formiga pode passar por algum esporo e então o fungo passa a se espalhar pelo seu interior, começando pelo cérebro. Em algum momento, a formiga passa a agir perceptivelmente afetada; permanece parada tremendo, ou andando em círculos. Se um membro de uma colônia apresenta esses sintomas, ele será levado para fora do formigueiro e exilado.

Quando tudo esta quase no fim, a formiga sobe lentamente o mais alto que pode em alguma planta, e prende firmemente seu corpo ao caule. Finalmente a formiga morre e o fungo emerge de trás de sua cabeça, irrompendo como uma longa e estranha fruta. Depois algum tempo o fungo solta seus próprios esporos, deixando a formiga mumificada presa ao caule, com suas cavidades oculares cheias de fungos.

Estou falando isso porque na noite passada, quando subi para o terraço do meu prédio, achei o corpo do meu irmão.

Ele tinha retornado a menos de três dias das Filipinas, onde esteve por 18 meses a trabalho. Foi a primeira vez que eu o tinha visto desde o seu retorno. Meus pais me avisaram antes de ontem que ele estava vindo. Disseram que ele permaneceu em seu quarto desde que voltou, e de repente saiu e disse que ia me ver. Acharam que ele estava bêbado, eu nunca pensaria que ele faria isso.

Pelo cheiro, ele deve ter vindo direto para o terraço e morrido. Eu acabava de fumar um cigarro, estava bem ansioso e com a cabeça latejando, e quando o cheiro acre da fumaça desapareceu recebi uma lufada de podridão trazida pelo vento quente.  Só levou alguns minutos para acha-lo; de bruços sobre a entrada de ar. Um fino caule crescia terrivelmente da base de seu crânio, e uma cachoeira de raízes e gavinhas pendiam de seus olhos e boca. Na ponta do caule um conjunto de tufos felpudos, um pó branco caia levemente de suas pontas.

Os esporos devem estar caindo e se espalhando pelo lado norte do prédio por todo o dia. MEU lado do prédio. Desci para o meu apartamento para tentar ligar para a polícia, e minha dor de cabeça já aumentava para um pulsar febril. Passei pela porta e no momento que alcancei o telefone a dor irrompeu pela minha cabeça, tão forte que quase desmaiei. Já tentei três vezes e não consigo levar a mão ao telefone.

A mesma coisa acontece quando tento levantar e deixar o quarto; sinto pontadas congelantes por todo o crânio e meus membros travam e tremem.

As formigas, em seu ultimo momento escalam os galhos o mais alto que podem. Só assim os esporos podem se espalhar mais pela colônia embaixo. Por fim, o parasita controla a formiga quase como uma unidade inteligente. Deus me ajude.

A dor é quase insuportável agora, e um novo pensamento vem surgindo ritmicamente em minha cabeça, como um disco pulando. Subir, subir, subir. É acompanhado por uma imagem da torre do meu escritório. É mais alto que meu prédio, o lugar mais alto que posso pensar e apesar do calombo em minha nuca já estar do tamanho de um pêssego, a pele esticada e brilhante, a tontura e a visão embaçada, eu acho que posso chegar ate lá. Subir.

Não. Estou doente. Preciso de ajuda.

A torre pulsa outra vez em minha mente. O ar gelado. O telhado e o céu. Essas imagens aliviam a dor momentaneamente enquanto passam pela minha mente. Acho que posso chegar lá. Subir, subir.

Se você vive no centro de Chicago, seria melhor cair fora. 


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